quarta-feira, 7 de outubro de 2009

ACARTE CONHECE...


Manoel Andrade (Mané)




É dia 04 de Outubro de 2009, manhã de Domingo e o nosso amigo Manoel me recebe em seu reduto de oficinas teatrais, um espaço cedido pela Paróquia São Francisco para que ele desenvolva oficinas teatrais com um grupo de jovens atores. E é nesse local que vamos conhecer um pouco mais nosso amigo Manoel, mais conhecido como Mané;




Nome Completo: José Manoel de Andrade
Data de Nascimento: 14 de Novembro de 1961
Signo: Escorpião
Comida predileta: Polenta com Frango
Casado e pai de um jovem casal.
Tem dois cães e um periquito.
...
então, vamos lá:
Acarte: Natural de Limeira?
Mané: Não, sou de Recife - Pernambuco.
Acarte: Pernambuco? Olha só, e como veio parar aqui?
Mané: (risos) É, meu pai era retirante, né, e na época a situação estava ruim onde ele morava e daí veio se aventurar aqui em SP. Ele morou uma época no Paraná e depois veio sozinho de lá para Limeira. Minha mãe ficou esse tempo em Pernambuco, depois ele acabou voltando pra lá para trazê-la para Limeira, nessa época eu já estava com dois meses de nascimento, e foi assim que vim para cá.
A: Tem irmãos? 

M: Sim, tenho dois.
 
A: E eles também fazem parte do mundo artístico? 


M: Não, eles são normais.
 
A: Normais? 


M: É (risos).
A: Fala pra mim: Você tem um sonho?
M: Ah... tenho né, como todo ser humano, tenho o sonho de poder me realizar profissionalmente na vida, obter sucesso, mas eu não tenho grandes pretensões não, eu quero uma vida estável, tranqüila.
A: O que é sucesso pra você? 

M: Sucesso, é fazer aquilo que gosta, poder sobreviver fazendo o que dá prazer, porque muitas vezes tem pessoas que tem talento e não conseguem exercer o seu talento e então a pessoa fica frustrada.
A: Muito bem! Quando você começou no teatro?

M:
Eu comecei por volta dos quatorze anos, aqui na comunidade da Igreja São Francisco, fazendo peças infantis como: "Autos de natal", peças para o dia das mães, dia dos pais, etc. Na catequese também eu fazia algumas coisas, aí depois eu parei, parei por um longo período e um belo dia por em 1992 eu trabalhava na empresa Galzerano e tinha um gerente chamado Francisco José Sampataro e ele já havia me visto fazendo peças na igreja e foi então que ele me perguntou se eu gostaria de voltar para o teatro, na hora fiquei meio em dúvida e daí ele me disse que passaria em casa á tarde e me levaria pra conhecer um pessoal. Por volta de 19h ele apareceu em casa e me levou para o Centro Cultural, me apresentou ao Carlos Jerônimo e disse a ele que eu estava ali pra fazer teste para a Via Sacra. Fiz o teste junto com outros três atores e acabei sendo escolhido. Durante esse período fui fazer oficina de teatro com a Eliane Rosseto, depois fiz outros cursos e de lá pra cá não parei.

A: Legal, você participou de vários grupos de teatro, cite alguns que você se recorda.

M:
Cia. Amart e Grupo Fábrica.


 A: O Grupo Fábrica Produções Artísticas lhe rendeu muitos histórias interessantes, correto?

M:
Sim

A: Então cite alguma passagem que você ache interessante.

M:
Eu me lembro de quando a gente montou a peça Sacra Folia de José Carlos de Abreu e a gente ensaiava muito, era de madrugada, sábado, domingo e tínhamos que nos apresentar no festival de Mococa, então pegamos todas as nossas coisas e fomos para lá, quando faltava meia hora para a peça começar o figurino não estava pronto, o cenário não estava pronto e tivemos que correr pra deixar tudo pronto em meia hora e ainda se maquiar, e o mais curioso, foi que com toda essa correria estreamos a peça no festival e ainda ganhamos o festival! (rs)

A: Você já ganhou vários prêmios como ator, me diga, qual e quantos já foram, se você se lembrar.

 M: Em Araras no Mapa Cultural Paulista como melhor ator coadjuvante, depois no Cacilda Becker em Pirassununga, também como melhor ator coadjuvante além de outras indicações por festivais que passei. 

A: Além da área artística tem mais algo que componha a vida do Manoel Andrade?

 M: Eu trabalho como gerente em uma indústria que trabalha com injetoras plásticas, aliás foi com o que sempre trabalhei a vida toda, preparar as máquinas supervisionar produção, é isso. 

A: Você já pensou em deixar de ser ator para ter alguma outra atividade artística como cantor ou dançarino, algo diferente do que faz? 

M: Não, porque o teatro já é completo, nele você pode dançar, cantar e me sinto satisfeito com isso.
A: Você tem alguma mania? 

M:
(risos) A minha mulher reclama muito que eu deixo tudo aberto, gavetas portas de armário de guarda roupas, eu abro e largo aberto e ela fica louca com isso. 



A: E no palco, você tem algum ritual antes de subir ao palco?

M:
Eu costumo sempre antes de começar uma peça, ir atrás do palco no centro da coxia e pedir para que os deuses do teatro me iluminem naquele momento para que eu possa alcançar a todos que estão na platéia com a história que eu vou contar e que farei parte, esse é meu ritual antes de começar.

A: Qual foi a peça teatral que te deu mais satisfação em fazer?

 M: O Santo Milagroso
 
A: Por quê? 


M: Porque, é uma peça gostosa de fazer, é uma comédia de costumes e que lançou a mim e outros amigos na vida artística. Foi uma peça prazerosa que nos trouxe muitos prêmios. 

A: Você desenvolve trabalhos na área de direção teatral também? 

M: É... a gente se arrisca (rs)

 A: E qual é a sua batalha como diretor teatral? 

M: É mostrar para as pessoas que temos que fazer um teatro com seriedade e com verdade, para que as pessoas saiam depois e pensem naquilo que elas assistiram e que isso tenha projeção na vida.
A: De acordo com minhas fontes você participou de um curta-metragem, conte-nos um pouco sobre essa sua aventura pelo cinema.
 

M: (rs) Isso foi muito engraçado! O Jairo que é um rapaz talentoso e na época estudava cinema estava com vontade de fazer um filme, ele já tinha rodado algumas cenas, mas, ainda faltava um ator para completar as filmagens, isso ocorreu quando eu estava com o Santo Milagroso e um dia ele foi assistir a peça, daí um de meus amigos me indicou para ele por eu ter um perfil próximo ao que ele buscava, foi quando ele me procurou e contou sobre esse projeto que ele tinha que era fazer um filme mais ousado chamado Humortrix que na verdade é uma sátira ao Matrix já que ele é um apaixonado pelas técnicas usadas no Matrix. Ele queria fazer esse trabalho com um elenco limeirense. Eu até então vinha do teatro, mas daí resolvi me arriscar e encarar esse desafio e nós fizemos.

A: E a família? Sempre deu apoio?
 
M: Sempre, minha família sempre me ajudou e me acompanhou, embora às vezes minha mulher precise de mim em casa e eu estou ensaiando, ela segura as pontas assim mesmo porque ela também é uma guerreira e mesmo assim sempre me apoiou. 


 A: E seus filhos, também são atores, fazem participam de alguma área artística?

 M: Meus filhos seguem a veia artística, mas no cenário musical: O Gustavo é guitarrista e toca na banda Kyndera e a Laís é percussionista e toca na banda Toc Percussivo e eu incentivo muito eles.
A: Você acha que no interior paulista um grupo de teatro amador pode ser o caminho para grandes sonhos?
 

M: Pode! Pode porque você adquire experiência, mas não pode ficar preso só no interior, é necessário sair e buscar novos horizontes, mas você pode adquirir uma ótima base. 

A: O que você acha da cultura limeirense?Rica... Muito rica; Limeira tem um pólo cultural muito rico, tem artistas excelentes, que precisam apenas de uma oportunidade para mostrar seus trabalhos.
A: Quem são seus inspiradores?

 M: (pausa)... Paulo Autran, Morgan Freeman, Denzel Washington, Nicolas Cage, Fernanda Montenegro, Wagner Moura, Lázaro Ramos, Denise Fraga, Tarcísio Meira, Glória Menezes, Nicette Bruno, Paulo Goulart e muitos outros, gosto muito das músicas de Antonio Nóbrega também e dos textos de Ariano Suassuna.
A: Dentre todos os citados anteriormente, cite apenas um. 

M: Paulo Autran.

A: Você ainda tem gás pra continuar a batalha no palco? 


M:
Tenho, eu tenho gás pra continuar até a hora que Deus disser; chega!

 
A: Atualmente você está em alguma peça?


M:
Sim, a peça com o título "Ameríndia" e eu faço um índio velho.

A: E do que ela fala?

M:
Fala das histórias vividas pelos índios. Ela conta sobre o período em que os índios foram roubados e tiveram suas terras colonizadas tendo como eixo central um índio e um padre que se tornam amigos e se separam em meio aos conflitos e muito tempo depois eles se reencontram e trazem á tona os conflitos do passado que acabam se misturando com os do presente.


 A: Bom, chegamos ao final de nosso bate-papo com o Manoel Andrade e nós da ACARTE só temos a agradecer. Muito abrigado. 

M: Valeu.


então chagamos ao final de nosso primeiro bate-papo com um artista limeirense, em breve novas entrevistas, um abraço e até lá...

4 comentários:

  1. Mané....

    Bom conhecer um pouco mais dessa pessoa maravilhosa...

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  2. Lendo a entrevista do Mané... fiquei me lembrando de muitas coisas, cenas... falas... risos... ensaios... me veio em mente um espetáculo que fizemos juntos: um pícolo espetáculo "Sátira Redonda", e vencemos no 1º Festival de Humor de Limeira... olha um bom festival para se recuperar... fica a dica.
    Parabéns Mané!!!
    Parabéns ACARTE por todas as iniciativas...
    Abraço forte,
    Rô.

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  3. De todos os que o conhecem ( e o observo a pouco tempo), tenho certeza que concordarão que ele é sereno, até mesmo quando quando teria motivos para não estar, ele permanece. Há de ser por isso que Nosso Pai o prestigia com tanto talento. Mané olhe então no fundo dos olhos dele que vai perceber o que estou dizendo. Grande abraço.

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