segunda-feira, 30 de agosto de 2010



  • ACARTE Conhece: Aline Savazzi
  • ACARTE: Em meio a recordações e desabafos apresento á vocês uma pessoa doce, mas não se engane ela tem um espírito de amazona! Esta é nossa querida Aline Savazzi, professora de ballet clássico e jazz, detentora de grande talento, pessoa essa que já tive o prazer de trabalhar junto no palco e foi o que me levou a querer conhecer um pouco mais sobre ela, e agora divido com vocês um pouco da vida de Aline Savazzi.
  • Nome: Aline Juliane Savazzi
    Idade: 26 anos
    Solteira e sem filhos
    Mora com os pais
    Não tem bichinhos de estimação
    Natural de limeira
    Comida preferida: todos os tipos de massas
    Signo: Touro
  • ACARTE: Quando começou a dançar?
    Aline: Em 1995 aos 10 anos na escola municipal com ballet clássico.

ACARTE: O que te levou começar a dançar?
Aline: Bom... Desde muito novinha tive vontade de dançar e sentia muita atração pelo ballet, aquelas coisas de criança?! Viajar ir pra Rússia...

ACARTE: Você tem um grande sonho?
Aline: Ah... Não sei... É que já mudou tanto, e as realidades vão se moldando, hoje em dia meu sonho é dançar independente de estar em uma Companhia ou em grupo. Quando a gente é mais nova tem o sonho de passar por grandes Companhias e fazer tour, hoje meu sonho é estar sempre dançando, poder mostrar meu trabalho com a humildade de saber os meu limites. Atualmente não faço aula todos os dias mas me satisfaz poder mostrar o meu trabalho e também dar aula que é algo que me realiza muito também poder estar ensinando algo e direcionando o conhecimento nesse sentido.

ACARTE: Você já dançou em algumas Companhias, cite algumas?

Aline:
Bom... Companhia mesmo... Já dancei em várias escolas de Limeira e Campinas. Em Campinas dancei na Lina Penteado com jazz, em Piracicaba já dancei com o Marcos Túbero “Sapo” na “Companhia 7-8 de Dança” e hoje estou com o “Limeira Cia de Dança” que é um projeto mais novo e estou como bailarina, mas na verdade a gente faz um pouco de tudo na Cia, e é com direção da Glaucia Bilatto.
ACARTE: Você chegou a participar de competições de dança? Chegou a ganhar prêmios?

Aline: Já sim, na época mais juvenil (rsrsrs) ganhei alguns prêmios, mas sempre vinculada a academia escola, participei com alguns solos também em alguns grupos, a gente ia para vários, alguns dos mais importantes eram o festival de Ribeirão Preto o “Dança Ribeirão” que é um festival bem importante, tem também o “Festival do Triângulo” (Minas Gerais), Mapa Cultural Paulista. Às vezes tendo premiação, outras não... (rsrsrs).
ACARTE: Cite algum fato que tenha sido interessante, que tenha ficado na sua recordação ou algo que tenha sido engraçado que aconteceu no palco.

Aline:
Ah... (rsrsrs) Já tive tombos no palco, já escorreguei naquela fumaça de gelo, rasguei a meia calça e a coreografia era séria e a gente tinha que ficar séria, mas começou a rir, já enrosquei vestido em roupa de bailarina no palco e daí teve que rasgar o vestido porque grudou e tanto branco que já deu também, mas graças a Deus os brancos que deram foram em solos e dava pra improvisar, mas deve ter algumas outras coisas por aí, mas a memória me falha agora (rsrsrsrs).
ACARTE: Além da área artística o que mais compõe a vida de Aline Savazzi?

Aline:
Atualmente faço faculdade de educação física, estou no terceiro ano, trabalho só com a dança graças a Deus, sou professora de duas escolas. É por aí.
ACARTE: Já chegou a pensar em deixar de ser bailarina para se dedicar a outra atividade? E se chegou, por quê?

Aline: Hoje penso mais do que antes viu, antes imaginava que viveria só de dança e tal, mas eu penso na verdade em poder conciliar e não abandonar a dança totalmente e tudo por causa mesmo da valorização e tem a questão financeira também, não é? Porque minha única renda vem das aulas e não me sinto muito bem recompensada, portanto já pensei em fazer algo diferente, mas de certa forma não vou ficar muito fora disso até porque estudo educação física para trabalhar com dança então acabo que por me direcionar para o mesmo caminho.
ACARTE: De uma maneira geral você se sente pouco estimulada devido à atual situação que a área artística vive?

Aline: Então... Trabalhar com aulas exige muita divulgação do seu trabalho e pouco retorno e o pessoal da dança aqui de Limeira é muito desunido ninguém se envolve em projetos, ninguém abraça nada, só olha pra si mesmo! Quer um festival no final do ano com cenário lindo, figurino lindo e fica só nisso mesmo. Falta união, pessoas que queiram abraçar uma causa, que queiram montar um grupo, já tentei montar grupos com amigos mesmo e ninguém tem o interesse de correr atrás das coisas, porque é um processo difícil mesmo, você tem que ir atrás de tudo, levantar dinheiro, produção, e aí, aparecem as dificuldades e não são só as pessoas de outras escolas, são também os amigos que tem pouco interesse de abraçar algo.
ACARTE: Você tem algum tipo de vício antes de entrar para dançar? Alguma mania esquisita?(rsrsrs)

Aline:
Esquisita não! (rsrsrsr) Sempre rezo antes, dou três batidinhas no chão e faço o sinal da cruz três vezes sempre, é mais isso mesmo.
ACARTE: Você tem alguma apresentação de dança, algum festival que participou que lhe deu mais satisfação?

Aline: Tenho! Teve um sarau que dancei com uma musicista e uma atriz também que recitou alguns versos, era o lançamento de um livro do Carlos Fiore (poeta limeirense) e daí a gente ensaiou um pouco antes e eu sabia as músicas que iam ser tocadas, mas tudo o que aconteceu no palco foi improviso, foi do momento e isso me deu muita satisfação por levar as coreografias até o final. E eram coreografias e performances também, não tinha só a dança e pra mim foi algo mais de dentro mesmo porque eu não estava presa a nenhum passo a nenhum movimento pré-determinado e fazia tudo de acordo com as sensações do momento, era o que eu sentia naquela hora.
ACARTE: E a família, sempre deu apoio?

Aline:
Sim, sempre, minha família me deixou livre para escolher sozinha, não participam tanto das apresentações (rsrsrs), minha mãe assistiu mais vezes, meu pai assistiu duas vezes só, uma no primeiro ano do ballet e outra há uns dois anos atrás, (rsrsrs). Mas sempre me apoiaram, nunca usaram de frases negativas do tipo “isso não dará em nada”, sempre me deixaram livre para escolher.
ACARTE: Você tem irmãos?

Aline:
Sim, quatro.
ACARTE: E eles estão no meio artístico também?

Aline:
Na verdade não, só uma irmã que até pouco tempo fazia dança do ventre, mas por hobby mesmo, não havia nenhum intuito profissional, já os outros seguem áreas bem distintas mesmo.
ACARTE: Você acha que ser uma bailarina em um grupo de dança ou mesmo escola de dança aqui no interior pode ser um caminho para grandes sonhos?

Aline:
Acho que sim, não é preciso estar nos grandes centros, é claro que é uma realização estar em uma companhia de nome, mas você levar para as pessoas aqui do interior que também não tem muito contato, poder mostrar aqui, eu acho muito gratificante sim.
ACARTE: O que você acha da cultura limeirense?

Aline:
Eu vejo muita coisa boa em todas as áreas, em dança ainda acho que tem menos, mas acredito que a cidade é bem movimentada culturalmente.
ACARTE: Quais são os seus grandes inspiradores?Aline: Olha não vejo apenas uma pessoa não, são muitos, mas gosto do trabalho de algumas Companhias, como a “Quasar Cia. de Dança”, gosto muito, eu acredito que seja o Henrique Rodovalho o coreógrafo de lá, a Companhia européia “Netherlands Dance and Theatre” também, vejo mais no contemporâneo, tem no jazz também a Rose Calheiros que fiz uma oficina com ela em um congresso, ela tem uma energia muito legal, dá uma aula com muita vivacidade não é aquela aula metódica só de passos e tal, ela ensina um pouco pra vida também, não é só ali no palco.
ACARTE: Você ainda tem gás para continuar nos palcos?

Aline:
A vida toda.
ACARTE: Quem você hoje destaca como uma grande bailarina no Brasil?

Aline: Acho que não tem só um nome, tem ótimos bailarinos em ballet, em dança contemporânea que está mais em evidência, nós vemos grandes nomes, grandes coreógrafos, mas tem tanta gente que dança muito bem, não dá para destacar só um.

ACARTE: Poxa que legal Aline, a ACARTE agradece por você ter aberto um espaço na sua agenda para nos atender, você é sempre bem vinda para saber sobre qualquer assunto relacionado à arte, a ACARTE estará sempre pronta a te auxiliar também e é isso aí, a gente agradece mais uma vez, um grande abraço e até a próxima.Aline: Agradeço também pelo convite e precisando estamos aí, abraço para todos.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Uma entrevista cheia de revelações "Bombásticas"!


Entrevista com José Donizete dos Santos
Nome: José Donizete dos Santos Vulgo “Bomba”
Idade: 47 anos
Signo: peixes
Filhos: Três
Companheira atual: Cleusa dos Santos
E tem um cachorro chamado woly


ACARTE:Você é de Limeira?
José Donizete:Natural de Piracicaba

A: “Bomba” você é maestro do Coral Afro Thulany, correto?
JD:Sim

A:A quanto tempo exite o coral?
JD:O Coral Thulany surgiu em fevereiro de 2002, e neste ano completa 8 anos de atividades.

A:Me diga qual o seu grande sonho em relação ao coral.
JD:Bom... Meu sonho e de todo o coral é levar as pessoas a compreenderem e aceitarem a cultura afro através da música e da dança, da mesma forma que se aceita qualquer outro tipo de cultura estrangeira. Quando se fala em cultura afro ainda existe uma certa rejeição e é através de nosso canto e nossa dança que tentamos quebrar essa barreira.

A:Quando você começou na música?
JD:Eu comecei quando tinha de onze para doze anos de idade estudando flauta doce no Círculo de Amigos do Menino Patrulheiro de Limeira com o Maestro José Luis da Silva.

A:E o violão, quando você começou com ele?
JD:No violão eu comecei por volta de 1986, após ter morado um tempo em Porto Alegre onde dei os primeiros passos. Ao retornar para Limeira fui estudar com o Professor Otávio Pinto de Moraes.

A:Na verdade você é um multi-instrumentista não é? Além da flauta doce, violão, teclado que eu sei que você toca, tem também a percussão!
JD:Na verdade eu sou teimoso!

A: (risos)
(risos)


A:Bom, você já participou de outros grupos também, cite alguns que sua memória permita.
JD:Aqui em Limeira eu toquei em um grupo de flauta doce chamado Musicolor, depois em Porto Alegre participei de um quarteto vocal, voltando para Limeira em 1986 fundei o grupo Pagodeando, com o qual fizemos abertura de shows para vários artistas como Emílio Santiago, Bete Carvalho entre outros. Depois veio o grupo Evolusamba e chagamos a fazer abertura de Shows para o Negritude Júnior, Sensação, Katinguelê, inclusive o pessoal do katinguelê chegou a comer arroz com lingüiça na minha casa uma vez. Os caras foram em casa e estavam com fome, tinha arroz com lingüiça e eu falei come aí.... e eles mandaram ver ...(risos), Tem também o Paparico que depois virou Banana Bacana e depois trocou de nome, esse foi o último que participei.



A:Você é um fundador de grupos musicais então?
JD: É ...eu começo, saio e o pessoal continua o trabalho. (risos)

A:Mas o legal nisso é que a semente que você plantou gera frutos né? Isso é muito importante.
JD:É verdade.

A:Mas bem, voltando ao assunto; Coral Thulany, cite alguma passagem interessante ou engraçada que você possa recordar.
JD:Tem várias fatos envolvendo o coral que são bem interessantes, mas, um que marcou bastante foi a nossa recente viagem para Belo Horizonte – MG para participar do FIC – Festival Internacional de Canto e o pessoal nunca tinha visto um coral afro, aliás, o nosso era o único coral afro dentre todos os corais participantes e o fato foi que naquele dia tínhamos que nos apresentar na Praça Tom Jobim ás 14h e já eram 13h50; O motorista nosso havia sumido, aí nós resolvemos sair para achar esse motorista, mas só que as meninas estavam todas trajadas com roupas afro cheias de amarração com tecidos coloridos e saímos todos pela rua, cerca de trinta pessoas daquele jeito e o povo da cidade ficou intrigado todo mundo parava pra olhar achando que a África havia “baixado ali” (risos) e foi muito engraçado as meninas vestidas daquele jeito andando pela rua e deixando as pessoas curiosas com a situação.

A:Muito bom, eu fico imaginando a cara das pessoas(risos)
JD: (risos)

A:Bom, eu tenho uma informação de que o Thulany já chegou a participar de defesa de Tese. Explique melhor esse assunto para nós.
JD:Então...foi um amigo nosso que estava cursando música na faculdade e precisava de um coral para o TCC dele e então ele nos procurou com uma música no dialeto judaico, algo totalmente fora do nosso contexto e tivemos três semanas para ensaiar a música, após os ensaios foi feita a gravação e a música foi levada para análise da banca onde foi aprovada a tese científica dele com nota de 9,5, graças ao esforço dos coristas ao conseguir aprender uma música diferente em três semanas atingindo o resultado esperado.

A:Ok, além da área artística você tem alguma outra atividade?
JD:Eu já fui contador.

A:O quê?
JD:É, eu já fui contador(risos)

A:Rapaz isso é novidade pra mim!(risos)
JD:Eu trabalhei com contabilidade no SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) mas só que eu gostava tanto desse trabalho que dormia na frente da máquina de escrever(risos)

A:Olha só, grandes revelações!!!(risos) Mas hoje em dia você já não exerce mais essa função, já não conta mais nada não é?
JD:Não, hoje eu não conto nem histórias(risos)

A:Você já pensou em deixar a música para se dedicar a alguma outra profissão?
JD:Não! A música faz parte de mim, quando eu vim embora do sul eu cheguei a ficar quase dois anos afastado desse meio e me senti muito mal cheguei a entrar em depressão, a música faz parte de mim, na verdade a música é minha segunda pele.


A:Todos tem suas manias estranhas seus vícios, diga-me, quais você tem?
JD:Além de tocar violão e flauta o tempo todo?(risos) Bom, eu tenho vício em ver televisão, adoro televisão, programas culturais, jornalísticos, desenhos animado, pica- pau então...

A:É, eu também gosto do pica-pau, viciados em pica-pau. (risos)
JD: (risos)

A:Tem alguma apresentação do Coral Thulany que possa ter deixado você com aquela sensação de que essa tenha sido a melhor apresentação de todas?
JD:Ah... tem sim... Tem a apresentação que fizemos no ano passado na Igreja da Pampulha em Belo Horizonte. Foi algo muito forte! Tem também a apresentação do Encontro de Vozes Negras de Piracicaba, onde estavam o Quarteto Angolano e o Coral Javé que foi a grande inspiração para criar o Thulany e esse encontro também foi muito emocionante.

A:Quando criança a família te dava apoio para ser músico?
JD:Sim, meu pai era percussionista de escola de samba e me deu as primeiras lições, era eu e meus dois irmãos, ficávamos lá treinando, foi assim que comecei na percussão.

A:E os filhos, seguem esse sonho do pai? Eles fazem algo relacionado à música ou outra área artística?
JD:No começo até seguiram viu...(risos) o Lucas é baterista e formado em engenharia da computação, a Joyce canta samba e é enfermeira já a Flávia cantou um tempo no Thulany e hoje está morando em Rio Preto e estudando Letras chegou a estudar ballét por cinco anos mas precisou sair por causa da faculdade, mas todos gostam muito de música. E a esposa canta junto no coral.

A:Muito bem, me diga uma coisa: Você acha que ter um grupo musical amador, no caso o coral, no interior é um caminho para grandes sonhos?
JD:Com certeza, acredito que todo grupo que a gente monta tem ser criado pensando em fazer a diferença, o que eu sempre passo para o coral é que não podemos nunca ser mais um, temos sempre que fazer a diferença se um grupo canta a mesma música de um jeito então vamos buscar um novo arranjo para que possamos ter o nosso diferencial. Sempre temos que fazer a diferença.

A: O que você acha da cultura limeirense?
JD:Que pergunta heim?!?!(risos) Olha eu acho que a cultura de nossa cidade precisa ser vista com mais carinho pelos seus governantes, temos grandes talentos sem proveito pela cidade, não só da música como também no teatro, artes plásticas e dança.



A:Quais são suas influências musicais, seus grandes inspiradores?
JD:Tenho como grande influência o maestro José Luis, que foi quem abriu minha mente para o universo musical, daí tenho como espelho também Emílio Santiago, Beth Carvalho que aliás tem uma frase que ela me disse uma vez; “defenda o samba aqui (em São Paulo) que nós vamos defender por lá (no Rio)”, tem também Djavan, Chico Buarque, Caetano e muitos outros.

A:Estes são os mais ruins não é?(risos)
JD:É.(risos)

A:Qual sua comida preferida?
JD:Ah... massas.


A:Qualquer uma?
JD:Menos cimento!(risos) Não dá pra comer(risos)

A: (Risos) muito duro né?
JD:(risos) mas uma lasanha ou uma macarronada eu gosto.(risos)

A:Você acha que tem bastante energia pra tocar o Coral por bastante tempo?
JD:Com certeza, a gente tem que ser não só formadores de opinião mas multiplicadores também, porque daí na hora em que eu parar e disser que deu pra mim certamente haverá alguém com a mesma cabeça que eu e que poderá tocar o trabalho para frente por muito tempo.

A:Eu perguntei sobre vícios mas esqueci de perguntar se você tem alguma mania ou um ritual antes de subir no palco para se apresentar, você tem?
JD:Tenho sim, antes de ir para o palco eu falo muito pouco, ando de um lado para o outro e tomo muita água.

A:Bem, para encerrar; quais são os projetos futuros do Thulany?
JD:Estamos pesquisando outros festivais pelo estado de São Paulo e até em outros estados também e trabalhando com o projeto de gravação do primeiro CD do Coral Thulany que vai ser um CD não com intuito comercial mas sim com o intuito de uma realização pessoal mesmo.

Muito bem, então terminamos aqui o nosso bate-papo e em nome de todos da ACARTE desejamos muitos anos de vida a você José Donizete “Bomba” e ao Coral Afro Thulany, sucesso e muitas felicidades.

Um grande abra à todos e até o próximo encontro com mais um artista de nossa cidade que a ACARTE conhece.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

ACARTE CONHECE...


Manoel Andrade (Mané)




É dia 04 de Outubro de 2009, manhã de Domingo e o nosso amigo Manoel me recebe em seu reduto de oficinas teatrais, um espaço cedido pela Paróquia São Francisco para que ele desenvolva oficinas teatrais com um grupo de jovens atores. E é nesse local que vamos conhecer um pouco mais nosso amigo Manoel, mais conhecido como Mané;




Nome Completo: José Manoel de Andrade
Data de Nascimento: 14 de Novembro de 1961
Signo: Escorpião
Comida predileta: Polenta com Frango
Casado e pai de um jovem casal.
Tem dois cães e um periquito.
...
então, vamos lá:
Acarte: Natural de Limeira?
Mané: Não, sou de Recife - Pernambuco.
Acarte: Pernambuco? Olha só, e como veio parar aqui?
Mané: (risos) É, meu pai era retirante, né, e na época a situação estava ruim onde ele morava e daí veio se aventurar aqui em SP. Ele morou uma época no Paraná e depois veio sozinho de lá para Limeira. Minha mãe ficou esse tempo em Pernambuco, depois ele acabou voltando pra lá para trazê-la para Limeira, nessa época eu já estava com dois meses de nascimento, e foi assim que vim para cá.
A: Tem irmãos? 

M: Sim, tenho dois.
 
A: E eles também fazem parte do mundo artístico? 


M: Não, eles são normais.
 
A: Normais? 


M: É (risos).
A: Fala pra mim: Você tem um sonho?
M: Ah... tenho né, como todo ser humano, tenho o sonho de poder me realizar profissionalmente na vida, obter sucesso, mas eu não tenho grandes pretensões não, eu quero uma vida estável, tranqüila.
A: O que é sucesso pra você? 

M: Sucesso, é fazer aquilo que gosta, poder sobreviver fazendo o que dá prazer, porque muitas vezes tem pessoas que tem talento e não conseguem exercer o seu talento e então a pessoa fica frustrada.
A: Muito bem! Quando você começou no teatro?

M:
Eu comecei por volta dos quatorze anos, aqui na comunidade da Igreja São Francisco, fazendo peças infantis como: "Autos de natal", peças para o dia das mães, dia dos pais, etc. Na catequese também eu fazia algumas coisas, aí depois eu parei, parei por um longo período e um belo dia por em 1992 eu trabalhava na empresa Galzerano e tinha um gerente chamado Francisco José Sampataro e ele já havia me visto fazendo peças na igreja e foi então que ele me perguntou se eu gostaria de voltar para o teatro, na hora fiquei meio em dúvida e daí ele me disse que passaria em casa á tarde e me levaria pra conhecer um pessoal. Por volta de 19h ele apareceu em casa e me levou para o Centro Cultural, me apresentou ao Carlos Jerônimo e disse a ele que eu estava ali pra fazer teste para a Via Sacra. Fiz o teste junto com outros três atores e acabei sendo escolhido. Durante esse período fui fazer oficina de teatro com a Eliane Rosseto, depois fiz outros cursos e de lá pra cá não parei.

A: Legal, você participou de vários grupos de teatro, cite alguns que você se recorda.

M:
Cia. Amart e Grupo Fábrica.


 A: O Grupo Fábrica Produções Artísticas lhe rendeu muitos histórias interessantes, correto?

M:
Sim

A: Então cite alguma passagem que você ache interessante.

M:
Eu me lembro de quando a gente montou a peça Sacra Folia de José Carlos de Abreu e a gente ensaiava muito, era de madrugada, sábado, domingo e tínhamos que nos apresentar no festival de Mococa, então pegamos todas as nossas coisas e fomos para lá, quando faltava meia hora para a peça começar o figurino não estava pronto, o cenário não estava pronto e tivemos que correr pra deixar tudo pronto em meia hora e ainda se maquiar, e o mais curioso, foi que com toda essa correria estreamos a peça no festival e ainda ganhamos o festival! (rs)

A: Você já ganhou vários prêmios como ator, me diga, qual e quantos já foram, se você se lembrar.

 M: Em Araras no Mapa Cultural Paulista como melhor ator coadjuvante, depois no Cacilda Becker em Pirassununga, também como melhor ator coadjuvante além de outras indicações por festivais que passei. 

A: Além da área artística tem mais algo que componha a vida do Manoel Andrade?

 M: Eu trabalho como gerente em uma indústria que trabalha com injetoras plásticas, aliás foi com o que sempre trabalhei a vida toda, preparar as máquinas supervisionar produção, é isso. 

A: Você já pensou em deixar de ser ator para ter alguma outra atividade artística como cantor ou dançarino, algo diferente do que faz? 

M: Não, porque o teatro já é completo, nele você pode dançar, cantar e me sinto satisfeito com isso.
A: Você tem alguma mania? 

M:
(risos) A minha mulher reclama muito que eu deixo tudo aberto, gavetas portas de armário de guarda roupas, eu abro e largo aberto e ela fica louca com isso. 



A: E no palco, você tem algum ritual antes de subir ao palco?

M:
Eu costumo sempre antes de começar uma peça, ir atrás do palco no centro da coxia e pedir para que os deuses do teatro me iluminem naquele momento para que eu possa alcançar a todos que estão na platéia com a história que eu vou contar e que farei parte, esse é meu ritual antes de começar.

A: Qual foi a peça teatral que te deu mais satisfação em fazer?

 M: O Santo Milagroso
 
A: Por quê? 


M: Porque, é uma peça gostosa de fazer, é uma comédia de costumes e que lançou a mim e outros amigos na vida artística. Foi uma peça prazerosa que nos trouxe muitos prêmios. 

A: Você desenvolve trabalhos na área de direção teatral também? 

M: É... a gente se arrisca (rs)

 A: E qual é a sua batalha como diretor teatral? 

M: É mostrar para as pessoas que temos que fazer um teatro com seriedade e com verdade, para que as pessoas saiam depois e pensem naquilo que elas assistiram e que isso tenha projeção na vida.
A: De acordo com minhas fontes você participou de um curta-metragem, conte-nos um pouco sobre essa sua aventura pelo cinema.
 

M: (rs) Isso foi muito engraçado! O Jairo que é um rapaz talentoso e na época estudava cinema estava com vontade de fazer um filme, ele já tinha rodado algumas cenas, mas, ainda faltava um ator para completar as filmagens, isso ocorreu quando eu estava com o Santo Milagroso e um dia ele foi assistir a peça, daí um de meus amigos me indicou para ele por eu ter um perfil próximo ao que ele buscava, foi quando ele me procurou e contou sobre esse projeto que ele tinha que era fazer um filme mais ousado chamado Humortrix que na verdade é uma sátira ao Matrix já que ele é um apaixonado pelas técnicas usadas no Matrix. Ele queria fazer esse trabalho com um elenco limeirense. Eu até então vinha do teatro, mas daí resolvi me arriscar e encarar esse desafio e nós fizemos.

A: E a família? Sempre deu apoio?
 
M: Sempre, minha família sempre me ajudou e me acompanhou, embora às vezes minha mulher precise de mim em casa e eu estou ensaiando, ela segura as pontas assim mesmo porque ela também é uma guerreira e mesmo assim sempre me apoiou. 


 A: E seus filhos, também são atores, fazem participam de alguma área artística?

 M: Meus filhos seguem a veia artística, mas no cenário musical: O Gustavo é guitarrista e toca na banda Kyndera e a Laís é percussionista e toca na banda Toc Percussivo e eu incentivo muito eles.
A: Você acha que no interior paulista um grupo de teatro amador pode ser o caminho para grandes sonhos?
 

M: Pode! Pode porque você adquire experiência, mas não pode ficar preso só no interior, é necessário sair e buscar novos horizontes, mas você pode adquirir uma ótima base. 

A: O que você acha da cultura limeirense?Rica... Muito rica; Limeira tem um pólo cultural muito rico, tem artistas excelentes, que precisam apenas de uma oportunidade para mostrar seus trabalhos.
A: Quem são seus inspiradores?

 M: (pausa)... Paulo Autran, Morgan Freeman, Denzel Washington, Nicolas Cage, Fernanda Montenegro, Wagner Moura, Lázaro Ramos, Denise Fraga, Tarcísio Meira, Glória Menezes, Nicette Bruno, Paulo Goulart e muitos outros, gosto muito das músicas de Antonio Nóbrega também e dos textos de Ariano Suassuna.
A: Dentre todos os citados anteriormente, cite apenas um. 

M: Paulo Autran.

A: Você ainda tem gás pra continuar a batalha no palco? 


M:
Tenho, eu tenho gás pra continuar até a hora que Deus disser; chega!

 
A: Atualmente você está em alguma peça?


M:
Sim, a peça com o título "Ameríndia" e eu faço um índio velho.

A: E do que ela fala?

M:
Fala das histórias vividas pelos índios. Ela conta sobre o período em que os índios foram roubados e tiveram suas terras colonizadas tendo como eixo central um índio e um padre que se tornam amigos e se separam em meio aos conflitos e muito tempo depois eles se reencontram e trazem á tona os conflitos do passado que acabam se misturando com os do presente.


 A: Bom, chegamos ao final de nosso bate-papo com o Manoel Andrade e nós da ACARTE só temos a agradecer. Muito abrigado. 

M: Valeu.


então chagamos ao final de nosso primeiro bate-papo com um artista limeirense, em breve novas entrevistas, um abraço e até lá...

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