quinta-feira, 25 de março de 2010

Uma entrevista cheia de revelações "Bombásticas"!


Entrevista com José Donizete dos Santos
Nome: José Donizete dos Santos Vulgo “Bomba”
Idade: 47 anos
Signo: peixes
Filhos: Três
Companheira atual: Cleusa dos Santos
E tem um cachorro chamado woly


ACARTE:Você é de Limeira?
José Donizete:Natural de Piracicaba

A: “Bomba” você é maestro do Coral Afro Thulany, correto?
JD:Sim

A:A quanto tempo exite o coral?
JD:O Coral Thulany surgiu em fevereiro de 2002, e neste ano completa 8 anos de atividades.

A:Me diga qual o seu grande sonho em relação ao coral.
JD:Bom... Meu sonho e de todo o coral é levar as pessoas a compreenderem e aceitarem a cultura afro através da música e da dança, da mesma forma que se aceita qualquer outro tipo de cultura estrangeira. Quando se fala em cultura afro ainda existe uma certa rejeição e é através de nosso canto e nossa dança que tentamos quebrar essa barreira.

A:Quando você começou na música?
JD:Eu comecei quando tinha de onze para doze anos de idade estudando flauta doce no Círculo de Amigos do Menino Patrulheiro de Limeira com o Maestro José Luis da Silva.

A:E o violão, quando você começou com ele?
JD:No violão eu comecei por volta de 1986, após ter morado um tempo em Porto Alegre onde dei os primeiros passos. Ao retornar para Limeira fui estudar com o Professor Otávio Pinto de Moraes.

A:Na verdade você é um multi-instrumentista não é? Além da flauta doce, violão, teclado que eu sei que você toca, tem também a percussão!
JD:Na verdade eu sou teimoso!

A: (risos)
(risos)


A:Bom, você já participou de outros grupos também, cite alguns que sua memória permita.
JD:Aqui em Limeira eu toquei em um grupo de flauta doce chamado Musicolor, depois em Porto Alegre participei de um quarteto vocal, voltando para Limeira em 1986 fundei o grupo Pagodeando, com o qual fizemos abertura de shows para vários artistas como Emílio Santiago, Bete Carvalho entre outros. Depois veio o grupo Evolusamba e chagamos a fazer abertura de Shows para o Negritude Júnior, Sensação, Katinguelê, inclusive o pessoal do katinguelê chegou a comer arroz com lingüiça na minha casa uma vez. Os caras foram em casa e estavam com fome, tinha arroz com lingüiça e eu falei come aí.... e eles mandaram ver ...(risos), Tem também o Paparico que depois virou Banana Bacana e depois trocou de nome, esse foi o último que participei.



A:Você é um fundador de grupos musicais então?
JD: É ...eu começo, saio e o pessoal continua o trabalho. (risos)

A:Mas o legal nisso é que a semente que você plantou gera frutos né? Isso é muito importante.
JD:É verdade.

A:Mas bem, voltando ao assunto; Coral Thulany, cite alguma passagem interessante ou engraçada que você possa recordar.
JD:Tem várias fatos envolvendo o coral que são bem interessantes, mas, um que marcou bastante foi a nossa recente viagem para Belo Horizonte – MG para participar do FIC – Festival Internacional de Canto e o pessoal nunca tinha visto um coral afro, aliás, o nosso era o único coral afro dentre todos os corais participantes e o fato foi que naquele dia tínhamos que nos apresentar na Praça Tom Jobim ás 14h e já eram 13h50; O motorista nosso havia sumido, aí nós resolvemos sair para achar esse motorista, mas só que as meninas estavam todas trajadas com roupas afro cheias de amarração com tecidos coloridos e saímos todos pela rua, cerca de trinta pessoas daquele jeito e o povo da cidade ficou intrigado todo mundo parava pra olhar achando que a África havia “baixado ali” (risos) e foi muito engraçado as meninas vestidas daquele jeito andando pela rua e deixando as pessoas curiosas com a situação.

A:Muito bom, eu fico imaginando a cara das pessoas(risos)
JD: (risos)

A:Bom, eu tenho uma informação de que o Thulany já chegou a participar de defesa de Tese. Explique melhor esse assunto para nós.
JD:Então...foi um amigo nosso que estava cursando música na faculdade e precisava de um coral para o TCC dele e então ele nos procurou com uma música no dialeto judaico, algo totalmente fora do nosso contexto e tivemos três semanas para ensaiar a música, após os ensaios foi feita a gravação e a música foi levada para análise da banca onde foi aprovada a tese científica dele com nota de 9,5, graças ao esforço dos coristas ao conseguir aprender uma música diferente em três semanas atingindo o resultado esperado.

A:Ok, além da área artística você tem alguma outra atividade?
JD:Eu já fui contador.

A:O quê?
JD:É, eu já fui contador(risos)

A:Rapaz isso é novidade pra mim!(risos)
JD:Eu trabalhei com contabilidade no SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) mas só que eu gostava tanto desse trabalho que dormia na frente da máquina de escrever(risos)

A:Olha só, grandes revelações!!!(risos) Mas hoje em dia você já não exerce mais essa função, já não conta mais nada não é?
JD:Não, hoje eu não conto nem histórias(risos)

A:Você já pensou em deixar a música para se dedicar a alguma outra profissão?
JD:Não! A música faz parte de mim, quando eu vim embora do sul eu cheguei a ficar quase dois anos afastado desse meio e me senti muito mal cheguei a entrar em depressão, a música faz parte de mim, na verdade a música é minha segunda pele.


A:Todos tem suas manias estranhas seus vícios, diga-me, quais você tem?
JD:Além de tocar violão e flauta o tempo todo?(risos) Bom, eu tenho vício em ver televisão, adoro televisão, programas culturais, jornalísticos, desenhos animado, pica- pau então...

A:É, eu também gosto do pica-pau, viciados em pica-pau. (risos)
JD: (risos)

A:Tem alguma apresentação do Coral Thulany que possa ter deixado você com aquela sensação de que essa tenha sido a melhor apresentação de todas?
JD:Ah... tem sim... Tem a apresentação que fizemos no ano passado na Igreja da Pampulha em Belo Horizonte. Foi algo muito forte! Tem também a apresentação do Encontro de Vozes Negras de Piracicaba, onde estavam o Quarteto Angolano e o Coral Javé que foi a grande inspiração para criar o Thulany e esse encontro também foi muito emocionante.

A:Quando criança a família te dava apoio para ser músico?
JD:Sim, meu pai era percussionista de escola de samba e me deu as primeiras lições, era eu e meus dois irmãos, ficávamos lá treinando, foi assim que comecei na percussão.

A:E os filhos, seguem esse sonho do pai? Eles fazem algo relacionado à música ou outra área artística?
JD:No começo até seguiram viu...(risos) o Lucas é baterista e formado em engenharia da computação, a Joyce canta samba e é enfermeira já a Flávia cantou um tempo no Thulany e hoje está morando em Rio Preto e estudando Letras chegou a estudar ballét por cinco anos mas precisou sair por causa da faculdade, mas todos gostam muito de música. E a esposa canta junto no coral.

A:Muito bem, me diga uma coisa: Você acha que ter um grupo musical amador, no caso o coral, no interior é um caminho para grandes sonhos?
JD:Com certeza, acredito que todo grupo que a gente monta tem ser criado pensando em fazer a diferença, o que eu sempre passo para o coral é que não podemos nunca ser mais um, temos sempre que fazer a diferença se um grupo canta a mesma música de um jeito então vamos buscar um novo arranjo para que possamos ter o nosso diferencial. Sempre temos que fazer a diferença.

A: O que você acha da cultura limeirense?
JD:Que pergunta heim?!?!(risos) Olha eu acho que a cultura de nossa cidade precisa ser vista com mais carinho pelos seus governantes, temos grandes talentos sem proveito pela cidade, não só da música como também no teatro, artes plásticas e dança.



A:Quais são suas influências musicais, seus grandes inspiradores?
JD:Tenho como grande influência o maestro José Luis, que foi quem abriu minha mente para o universo musical, daí tenho como espelho também Emílio Santiago, Beth Carvalho que aliás tem uma frase que ela me disse uma vez; “defenda o samba aqui (em São Paulo) que nós vamos defender por lá (no Rio)”, tem também Djavan, Chico Buarque, Caetano e muitos outros.

A:Estes são os mais ruins não é?(risos)
JD:É.(risos)

A:Qual sua comida preferida?
JD:Ah... massas.


A:Qualquer uma?
JD:Menos cimento!(risos) Não dá pra comer(risos)

A: (Risos) muito duro né?
JD:(risos) mas uma lasanha ou uma macarronada eu gosto.(risos)

A:Você acha que tem bastante energia pra tocar o Coral por bastante tempo?
JD:Com certeza, a gente tem que ser não só formadores de opinião mas multiplicadores também, porque daí na hora em que eu parar e disser que deu pra mim certamente haverá alguém com a mesma cabeça que eu e que poderá tocar o trabalho para frente por muito tempo.

A:Eu perguntei sobre vícios mas esqueci de perguntar se você tem alguma mania ou um ritual antes de subir no palco para se apresentar, você tem?
JD:Tenho sim, antes de ir para o palco eu falo muito pouco, ando de um lado para o outro e tomo muita água.

A:Bem, para encerrar; quais são os projetos futuros do Thulany?
JD:Estamos pesquisando outros festivais pelo estado de São Paulo e até em outros estados também e trabalhando com o projeto de gravação do primeiro CD do Coral Thulany que vai ser um CD não com intuito comercial mas sim com o intuito de uma realização pessoal mesmo.

Muito bem, então terminamos aqui o nosso bate-papo e em nome de todos da ACARTE desejamos muitos anos de vida a você José Donizete “Bomba” e ao Coral Afro Thulany, sucesso e muitas felicidades.

Um grande abra à todos e até o próximo encontro com mais um artista de nossa cidade que a ACARTE conhece.

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